quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Essa arte aí…é vandalismo?

Cripta Djan Ivson
por 
em 13/06/2011 às 8:00 | Cultura e arteDebates
Mesmo com todo ódio e preconceito que a pixação desperta na sociedade, o movimento tem conquistado reconhecimento artístico e existencial mundo afora. Quem imaginou um dia que pixador seria convidado para pintar na fachada de um museu em Paris ou que o movimento teria cinco espaços reservados na Bienal de Artes mais importante do continente americano?
Ninguém pensava que o uniforme da seleção brasileira seria decorado com letras de pixo. Mas, doa a quem doer, é verdade. Mais incrível ainda é ver que reconhecimento está justamente aparecendo pelo que somos na essência: transgressivos e marginais.
Nesse assunto, a arte não pode ficar de fundo
Não se considera arte só o que agrada ou que é autorizado. Nesse último caso, é até o oposto: se sua arte não precisa de aval, ela se torna mais pura e libertária. Infelizmente, em um país onde os curadores de arte são políticos, juízes e delegados, o que é puro e libertário passa a ser considerado crime (se sua expressão tem o aval deles para acontecer, ela deixa de ser crime e se torna “Arte” em um passe de mágica).
O conceito de arte é extremamente subjetivo e varia de acordo com a cultura a ser analisada, o período histórico em recorte e até mesmo o indivíduo em questão. Nada que envolve esse tópico é simples.
Além de confusa e ineficaz, essa nova lei que supostamente diferencia o que é arte e o que é vandalismo se contradiz. Se graffiti autorizado é arte e ilegal é crime, então a técnica e talento do artista – o que realmente legitima seu trabalho – nesse caso não importam.
E se eu, pixador, resolver pixar a fachada da minha própria casa, cometerei um crime? Será mesmo que é melhor criminalizar uma expressão que na realidade não agride nem destrói nada?
Chega a ser paradoxal: apanhando no Brasil e enfeitando a França

“É vandalismo?”

O pixo não inutiliza parede nem muro. Ambos continuam aptos a cumprir sua função. Mas seu significado – esse sim – muda.

“Mas é feio!”

Esta discussão sobre o “belo” na arte foi abandonada faz muito, muito tempo. Garranchos? Bem, dizia-se que o samba era “macumba”.

“É feito por quadrilhas”

Sugiro uma pesquisa na Internet para ver as dezenas de trabalhos acadêmicos que já foram escritos nas universidades brasileiras sobre a pixação. São antropólogos, artistas plásticos, filósofos e estudiosos… defendendo gratuitamente “quadrilhas de bandidos”?

“E quanto à degradação do espaço público?”

Não há restrição alguma a prédios que bloqueiam o Sol, a propagandas exageradamente gigantescas, a arquitetura e urbanismos ruins, a obras que prejudica a circulação nos espaços públicos ou ainda ao lixo que abunda nas ruas.
O pixo não entope esgoto, não tapa o Sol, raramente é maior que a propaganda e nem de longe é tão opressivo quanto o miserável “urbanismo” brasileiro. Ora, prendam então os engenheiros, arquitetos, mal informados que jogam lixo na rua e fechem todas as agências de marketing.

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